Rafael Slonik

As Meninas E Meus Sonhos

Como todo adolescente normal, eu era frustrado quanto as mulheres. Não bastasse meu próprio corpo e pior, minha cabeça, passando por transformações explosivas, ainda tinha que tentar entender as mulheres e o porque de me sentir atraído por algumas em especial. Jamais tive uma paixão correspondida, o que me faz até hoje cuspir em todos os clichés de amor, e aprendi tarde a namorar (o que tanto não importa agora).

Tudo o que fui é o que sou e o que vou ser, se eu me arrepender de qualquer coisa do passado meu presente será automaticamente depreciado e a posibilidade de deprimir-se com isso é gigante. Tento acreditar que a vida não tem dessas coisas de bem ou mal, deus ou diabo, você simplesmente vive. As coisas vão acontecendo e temos pouco controle sobre tudo.

Já dormi ao lado de princesa para acordar ao lado de abóboras, o efeito mágico do álcool quando entra em nossas vidas é coadjuvante de fatos que viram história, e alguns, lendas. Conheci algumas garotas bonitas, mas as pontas de paixão eram logo deixadas pro vento, e lá estava eu novamente imerso na minha ideologia contra ideologias, racionalismo é vida, essas coisas de rebeldes sem causa. A maior parte mesmo foram garotas “não-bonitas”, que também perdidas nesse mundo que não reage da forma como mostram nos filmes, aceitavam um tempinho de prazer e diversão. Devidamente descartado no outro dia juntamente com a sacola de lixo onde estavam as camisinhas usadas.

Como disse, se arrepender do passado é um mero reflexo de um presente inóspito aos teus sentimentos, é um dia frio que te faz ver universos paralelos nos quais você brinca, em águas quentes dos trópicos, com uma garota linda (não esquecer que nestes sonhos nosso corpo é a perfeição grega de beleza). Ainda não sei qual vem primeiro, se o sonho ou se o arrependimento.

E os sonhos também tem jurisdição no futuro, por isso são poderosos. Desde a minha adolescência sonhava em ser independente, ter uma vida interessante e conhecer meninas legais. Aí cresci e tenho nas minhas mãos dois filmes: um me mostra realizado, feliz, independente, conheci meninas legais e várias vezes sob a garoa parei meu carro em respeito a um sinal vermelho ouvindo músicas inebriantes. E n’outro estou preocupado com meu futuro, sem saber se realmente sou independente, que conheci garotas estranhas, quando fiz coisas que não deveria, no carro sob a garoa, entristecido por ter pensado que meus sonhos eram tudo o que eu precisava.

Não sei, enfim, se as meninas dos meus sonhos existem, ou se meus sonhos novamente não são o que eu preciso de verdade. Talvez aqueles chiclês de amor em filmes alternativos sejam um saída, afinal, é a vida.

fevereiro 26, 2010

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