Rafael Slonik

O Figado Da Geladeira

A memória humana é incrível. No almoço de hoje passei no bufê pegando de tudo um pouco, e de repente avistei uma tigela com fígado. Alguns odeiam, e outros que como eu amam, jamais esquecem lembranças que envolvem algo que desperta sentimentos tão antagônicos.

A lembrança foi conveniente e trouxe um sentimento de lar, de aconchego, de quando eu era criança. Lembrei a época da infância, em que nas tardes ociosas fuçava a geladeira atrás de qualquer coisa para comer.

Então de vez em quando deparava-me com um prato com sobras da carne do almoço, e algumas vezes essa sobra foi de fígado empanado. Eu devorava aquele fígado empanado naquele estado, gelado, e era melhor que tudo.

E é incrível como o valor das coisas aumenta quando não se tem mais, como o fígado empanado na geladeira numa tarde qualquer da minha infância.

julho 7, 2011

Back to All Posts