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Dinheiro ou armas. O que vale mais?

O que vale mais: armas ou dinheiro? Em que ponto da economia é possível ligar estas duas coisas, e qual é o paralelo do poder do dinheiro e do poder das armas. Nesse post você vai ler porque os EUA estão muito longe de estarem encrencados com todas as dívidas e crises econômicas que estão nas mãos. Não tenho apoio bibliográfico para o que vou dizer, é produto apenas das minhas ideias, que angariando novos dados e argumentos, dá passos rumo a melhor compreensão do mundo. Se você não concorda e tem seus argumentos, joga nos comentários e vamos discutir o assunto.

Dinheiro

O dinheiro é um pedaço de papel em que todos confiam e acreditam. A crença no dinheiro é maior do que a crença em Deus. Leve uma maleta cheia de dólares para qualquer canto do mundo e você poderá comprar comida, objetos, etc. Dinheiro é, de fato, uma moeda de troca baseada na confiança. Confiança em quem? Nos governos! Somente acreditamos no dinheiro porque o governo - em última análise, a instituição país - diz que aquilo tem o determinado valor para troca por mercadoria e serviços. A materialização mais óbvia dessa confiança são os títulos de dívidas pelos quais os governos financiam sua manutenção e crescimento. No cenário de hoje, temos numa ponta os países que tem total confiança dos investidores internacionais (donos de muito dinheiro) e na outra os países de governos desestabilizados, como as ditaduras assassinas no continente africano (e a Argentina hahaha). A confiança nos governos é medida através da sua capacidade de pagar as dívidas e honrar acordos. Como qualquer coisa mensurável, isso também gerou um índice que é medido e definido de diversas formas por diversas agências de crédito especializadas. Uma das agências é a Standart & Poor's, no gráfico a seguir podemos ver a classificação da S&P a respeito dos principais países do mundo: Recentemente os Estados Unidos foram rebaixados do nível AAA para o AA devido a crise econômica deflagada em 2008 pelo crash do setor imobiliário e financeiro. O Brasil vem escalando o ranking e recentemente alcançou o nível BBB. As notas da S&P levam em consideração muitas variáveis e não é o intuito desse post comentá-las. Quero apenas demonstrar que diferentes países tem diferentes capacidades pagadoras diretamente relacionadas ao nível de confiança em sua situação econômica atual. Isso quer dizer, na prática, que a moeda do país ou do bloco econômico é lastreada unicamente pela confiança percebida. O lastro do dinheiro, até 1971, era o ouro. Isso significava que para cara dólar impresso pelo governo dos EUA, havia uma quantia em ouro equivalente nos cofres do tesouro. E todas as outras moedas do mundo eram lastreadas através de câmbio flutuante (ou não) pela cotação do dólar (como ainda é nos dias de hoje). Em 1971 devido a necessidade de aumentar o endividamento por causa da guerra no Vietnã, o presidente Richard Nixon quebrou o acordo Bretton Woods, acordo esse que havia definido o lastro do dólar ao ouro e das outras moedas ao dólar. A partir daí, o que segura o dinheiro é a confiança dos investidores na capacidade dos governos de honrarem seu compromisso de pagamento. Ou seja, chegamos novamente à mesma conclusão: o lastro do dinheiro é a confiança.

Armas

Os Estados Unidos da América depois da Segunda Guerra Mundial adotaram uma política rotulada de imperialista por diversos estudiosos. Consiste basicamente em impor sua vontade ao resto do mundo. Suas empresas se espalharam pelo planeta vendendo seus produtos e coletando recursos como petróleo, sua cultura foi disseminada com ajuda do cinema, e sua tecnologia mais desenvolvida permitiu mais eficiência em qualquer campo de trabalho humano. Esses movimentos são até anteriores à II Guerra, mas depois dela se intensificaram drasticamente. A única grande oposição contra a vontade dos EUA veio da União Soviética entre o fim da II Guerra e o fim da URSS, período conhecido como Guerra Fria, no qual o mundo bi-polarizado por duas forças atômicas vivia em constante ameaça de um apocalipse nuclear. Após a queda da URSS em 1991, o caminho ficou livre para o Tio Sam continuar a expansão de seu mercado e ideias. Então a contínua expansão de mercado, busca por riqueza, e propaganda ideológica norte americana continuou sem tréguas. O desenvolvimento econômico foi explosivo, e apesar de algumas pequenas crises mundiais, o mundo seguiu num período de intenso crescimento. A tecnologia - criada e gerenciada majoritariamente pelos Estados Unidos - elevou a humanidade para um próximo passo, o da comunicação instantânea, e consequentemente, da globalização. Tal crescimento não poderia se sustentar para sempre. É como alguém caminhando sem parar por dias, em algum momento ela terá que parar e sofrer com as bolhas em seus pés. Foi isso que aconteceu com os EUA, o boom econômico chegou a um período de forçada correção, a gota d'água foi a crise de 2007. Até hoje os reflexos na economia e modo de vida americanos são muito visíveis. O resto do mundo também foi forçado a se corrigir: Grécia e Espanha são os exemplos mais vivos desse movimento. Porém, algo que os Estados Unidos fizeram durante este longo período de crescimento faz com que seu posto de liderança no mundo esteja assegurada: tecnologia militar. Ano passado os Estados Unidos gastaram mais de 711 bilhões de dólares com suas forças militares. O segundo lugar no ranking de gastos militares foi a China, com 143 bilhões. Isso mesmo, quase CINCO vezes menos. Saiba que se somados a China e os oito países seguintes do ranking ainda assim não se alcança a soma do orçamento militar dos EUA. A posição de liderança militar dos EUA no mundo é incontestável. Além disso, sua relação de amistosidade com outros grandes jogadores (China, Inglaterra, Rússia, Israel, França, Alemanha, Índia e Paquistão) garante a mais absoluta força bruta necessária para conter qualquer ameaça.

Quem pega o bife? O dono do dinheiro ou o dono do rifle?

Coloquemos uma situação hipotética: existem apenas duas pessoas em uma arena, de um lado João com muito dinheiro no bolso, do outro lado José com um rifle carregado - e ele sabe atirar. Ambos precisam comer alguma coisa para não morrer de fome nos próximos minutos. No centro existe um belo pedaço de carne pronta para o consumo, que irá garantir somente a vida de um deles - é impossível dividir. Quem irá sobreviver? O dono do rifle ou o dono do dinheiro? Certamente em uma situação em que não há outro acordo possível senão a guerra e a sobrevivência - o mais inato dos instintos humanos - quem iria sair vivo da disputa seria José com sua arma, porque faria da sua vontade de sobreviver a vencedora. É claro que o mundo não é uma arena com dois jogadores e com apenas um pedaço de bife. Temos recurso suficiente para a sobrevivência de todos e temos espaço para todos. E é claro, também, que o ser humano se move com muito mais motivos do que apenas a sobrevivência. Assegurada a sobrevivência, busca o conforto, confortável, busca a supremacia, e assim em diante. E neste cenário de complexidade podemos ligar os pontos: dinheiro e armas. Em quem você apostaria na situação que foi descrita, no endinheirado e desarmado João, ou no armado e agressivo José? Bingo! Apesar de toda a crise que os EUA estão sofrendo, eles ainda são o José do nosso mundo. O Oriente Médio pode ter o recurso energético, o Brasil pode ter a água potável, a China pode ter a maior população e assim em diante. Entretanto, numa situação de necessidade, quem vai prevalecer é quem tem o rifle na mão, é quem pode ASSEGURAR sua SOBREVIVÊNCIA. O lastro do dinheiro é o poderio militar dos Estados Unidos da América. __ Se você gostou do post, recomende para seus amigos no Facebook e no Twitter. E deixe seu comentário rebatendo meus argumentos, pedindo mais detalhes sobre algum ponto ou sugerindo um assunto para um próximo post. Obrigado! __

Extreme Money - Satyajit Das: resenha de um livro publicado pela respeitada FT Press que discorre sobre dinheiro, sobre como a crise foi formada nos EUA e seus efeitos pelo mundo. The Century of Self: está no final do post indicado - legendado. É um documentário premiado da BBC que mostra como o sobrinho de Freud usou as ideias do tio para implantar o consumismo nos EUA. Interessante destacar como somos movidos pelos poderes da agressividade e do sexo, que moram em nosso inconsciênte. Orçamento Militar atual por país: lista dos países por orçamento militar. É claríssimo o aumento do gasto militar em todas as nações, principalmente da China, em 4 anos quase dobrou.

2012-07-18T12:08:09.000Z