Rafael Slonik

O problema não é a consistência

O problema é a consistência. Todas as vezes que consegui criar ou aprender algo novo, tive que exercer a consistência. Para aprender uma tecnologia nova de frontend vi e revi várias vezes um curso no youtube até fazer as coisas "clicarem". E não foi em um espaço de um ou poucos dias, foram pelo menos quatro semanas. O exemplo é mínimo, mas serve porque em todas as outras coisas importantes que aprendi ou produzi eu me mantive voltando por semanal, meses, anos.

Em uma outra oportunidade que exerci a consistência planejei e criei um app de criação de vídeos curtos para redes sociais, o VideoStories, e a falta de consistência me fez abandoná-lo também. Hoje, por estes dias, que estou por todo lado - e até minha escrita está ansiosa - me dei conta que o problema é e sempre foi a consistência. Por um momento a visão de qualquer coisa é cristalina e no momento seguinte já não é.

Outro exemplo é a ideia recorrente de criar um jogo: vejo o mapa, vejo a diversão, sento para planejar e no passo de poucas horas a visão já não está mais ali. É o mesmo com a empresa, com a vontade de criar produtos (e o aprendizado das skills necessárias, como o desenho). Aconteceu, inclusive, com atividades que me faziam muito bem, como a meditação.

Estou por todo lado e por isso em nenhum lugar. Pelo menos não o tempo suficiente para criar alguma coisa. Mesmo neste texto, na metade da folha, as palavras vão ficando mais difíceis. Inconsistentes.

Em algum momento eu aprendi a planejar. Qual o escopo? Como repartir em etapas? Como saber se foi concluído? Com que estrutura isso pode funcionar independente de mim? Seria essa uma saída para vencer a inconsistência?

No entanto todas essas coisas estão sujeitas a (ou falta de) consistência. Por que falta consistência? O que é, em primeiro lugar. Traduzo certo ou é outra coisa? É alguma energia? É apenas  uma expectativa? Lembrei que estudei chinês por um ano e parei. A visão é paixão, temporária? Se mantiver a visão, a consistência vem junto? Ou será que tudo irá fazer sentido algum dia? Como no famoso discurso de Steve Jobs: é só depois que você consegue conectar os pontos.

Computador, programação, dinheiro, descobrir como as coisas funcionam, aprender chinês, aprender a desenhar, ter uma empresa, se expressar, ser criativo. Todas as paixões profissionais criaram tantas visões, mas todas se dispersam na falta de consistência.

Onde será que tudo isso vai dar? O problema é a consistência? Já não sei, talvez seja se apaixonar por tantas novidades, e dessas paixões deslumbrar tantas e tantas visões. Quando vem uma nova as antigas ficam de lado e assim nada se aprende ou se cria.

Então qual é a solução para aprender e criar quando se quer aprender e criar demais?
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