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Os 6 melhores livros que li em 2018

Foi o ano que mais li. Começou na páscoa quando decidi devotar o feriadão ao projeto de tirar o carro da lama em que patinava há 6 meses. Essa lama era O Tecido do Cosmo de Brian Greene. Ler sobre Física e imaginar o por que de tudo sempre me fascinou. Mas as tantas dimensões dos vários desdobramentos da Teoria das Cordas bloqueou minha fila de leitura por tempo demais. Depois da lama, decidi acelerar com algo que tinha certeza que devoraria, A Segunda Guerra Fria de Luiz Alberto Moniz Bandeira. Excelente, mas não me marcou tanto quanto A Formação do Império Americano, por isso não ganhou uma posição entre os seis aqui embaixo. Embalado, resolvi conhecer a Svetlana, e me apaixonei. A lista, em ordem de leitura.

O Fim do Homem Soviético – Svetlana Aleksiévitch

Difícil explicar o fascínio que a coisa soviética imprime em minha mente. Desde sempre me perguntei como as pessoas viviam sob o obscuro (para nós do ocidente) manto da URSS. E as histórias das pessoas é o foco da Svetlana. Sem julgamentos. Esperança. Violência. Amor. O que o ser humano aguenta, como o ser humano aceita, ou não aceita e se pergunta para o resto da vida: o que eu vivi? Sapiens – Yuval Noah Harari

Sapiens, e logo em seguida Homo Deus, justificaram para mim a fama do escritor israelense. A exposição de como nos tornamos estes humanos “a partir do macaco” e como obliteramos os obstáculos é um prato cheio para novas perspectivas.

O Continente – Érico Veríssimo

Este ano quis encarar alguma grande obra brasileira. A primeira parte de O Tempo e o Vento estava ao alcance e por nada além disso foi escolhido. Desde a primeira folha foi como se estivesse esfomeado num banquete. Deliciando cada novo personagem (e como são muitos!) e vendo reflexos de todas as histórias que ouvia na infância sobre os costumes gaúchos (tão presentes no interior do Paraná no qual cresci). É claro que depois de breves espaços preenchidos por obras curtas como o mangá GEN Pés Descalços e Sobre a Escrita de Stephen King, entre outras, logo engatei O Retrato. Um tempo mais tarde, depois de me decepcionar com o breve Free Will, de Mark Balaguer, sentei para fechar o papo com Érico Veríssimo em O Arquipélago. Os Cambará e os Terra irão para todo sempre comigo.

Vozes de Tchernóbil – Svetlana Aleksiévitch

Outro da Svetlana. Chernobil é o futuro, ela fala no começo. Então os relatos. As histórias. O ser humano das esperanças, do horror, da redenção. Não só dos humanos, os bichos também. A luta da pá contra o átomo. O modo de Svetlana deixar as histórias serem contadas por meio da sua obra são incríveis. Escrevi um post sobre o livro, caso te interesse ler mais.

10 dias que abalaram o mundo – John Reed

Um relato de um jornalista americano que presenciou a revolução bolchevique da Rússia. Lênin, Trotsky e Stalin e vários outros personagens “ao vivo” nos seus discursos e nos corredores do Instituto Smolny. John Reed é o único “ocidental” enterrado dentro das muralhas do Kremlin, próximo do túmulo onde estão os restos de Vladimir Ilitch Lênin. Parcial, a favor do comunismo bolchevique, ainda assim não impede de curtir um dos únicos relatos dos poucos dias que mudaram o século da Rússia.

História Concisa da Rússia – Paul Bushkovitch

Svetlana apresenta as pessoas comuns. John Reed nos coloca nos dias da revolução. Que atração pela ideia da “coisa soviética”, da união das repúblicas. Ideia do comunismo. O que é isso, afinal? O que é a Rússia? A Rússia não é uma ideia. O comunismo não define a Rússia. Paul Bushkovitch retorna ao Rus de Kiev e tece a história desse país do começo. A Igreja Ortodoxa. Os muitos povos. Os mongóis. A Sibéria. A Ucrânia. A Polônia. A Europa. Um povo partido entre seguir o modelo europeu ou o conservadorismo ortodoxo (“o seu próprio caminho”). Ivã, o Terrível. Pedro, o Grande. Catarina, a Grande. Autocracia no ápice. E então, a Revolução. E a Grande Guerra Patriótica. E a queda da União Soviética. O tempo tem o poder de colocar os pontos nos i. No caso da Rússia, ou melhor, do meu fascínio pela Rússia, colocar os pontos nos i significa entender o que Bushkovitch quis dizer com “A Rússia não é uma ideia”. A Rússia é um país, com uma história num espaço determinado, por um povo, com uma cultura. Para o próximo ano eu quero conhecer Tolstói. Mas pretendo abandonar logo os russos para olhar outros brasileiros. Tanto a ficção quanto a história brasileira. Também desejo alimentar a fome de revolução com alguma coisa da francesa, de que nada sei. No meio de um e outro, ler histórias cyberpunk como as do Cory Doctorow, “nova” ficção científica como a do Cixin Liu (que publiquem logo a tradução do terceiro tomo!) e também algum quadrinho “diferente” como The Art of Charlie Chan Hock Chye, de Sonny Liew. Dificilmente conseguirei ler tanta coisa, mas a intenção aí está.

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