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  • O Futuro Da Educacao E O Nosso Futuro Enquanto Especie

    \”Talvez o futuro da escola seja justamente não mais existir\”

    Todos riram amistosamente quando o Senador Cristovam Buarque sugeriu a possibilidade de um \”chip implantado na cabeça\” que dá acesso a todo o conhecimento do mundo, e que assim, a escola não precisaria existir enquanto instituição de paredes, quadros, cadeiras e recursos tecnológicos.

    O Senador estava lá para falar por pouco tempo. Eu, novato em eventos com presenças tão importantes, esperava que ele fosse, como todos fazem, fazer política para si. Surpresa tamanha quando aquele senhor, falando pausadamente, elencou cinco desafios que nossos filhos enfrentarão, desafios que a educação de hoje precisa prepará-los para enfrentar:

    • [Mundo integrado culturalmente;]
    • [Economia global total. Competitividade profissional sem fronteiras;]
    • [Técnicas mutáveis. Profissões que surgem de repente e que em 5 anos estão obsoletas;]
    • [Divisão social em que devemos optar por uma formação competitiva, excludente (winner takes all) ou uma formação cooperativa e austera para todos;]
    • [Escassez ecológica. O ambiente já não consegue absorver a atividade humana.]

    É claro que a sugestão do fim da escola não é simplesmente pelo motivo de implantar um chip. A compreensão desse argumento passa por entender que o processo educativo se dá a todo momento, em casa, na rua, nas relações com o ambiente e com as tecnologias.

    Infraestrutura + conteúdo + recursos humanos

    E foi nessa toada que o evento Aprendizagem Móvel, organizado e apresentado pelo Centro de Estudos sobre o Brasil, da Universidade de Columbia, aconteceu em Brasília, em 12 de agosto de 2015.

    A âncora do evento foi um estudo compreensivo da situação da aprendizagem móvel no país através de uma pesquisa qualitativa cobrindo as cinco regiões.

    \”Mas como está sendo feita a integração desses equipamentos nas redes de ensino públicas do país? Qual a articulação existente entre os pilares de infraestrutura, formação de professores e produção de conteúdo digital nas ações em desenvolvimento? Quais as perspectivas para o futuro da integração das tecnologias de informação e comunicação na educação brasileira? Quais as boas práticas identificadas ao redor do país?\”

    É possível ter acesso a versão na íntegra desse estudo no site Aprendizagem Móvel.

    O centro nervoso da pesquisa é a revelação de que as iniciativas que tem dado certo não acontecem por acaso. Elas estão sempre apoiadas num tripé de qualidade.

    Infraestrutura

    O desafio não é só conectar as escolas, e sim prover uma conexão de qualidade que permita o uso dos recursos. No Brasil, 95% das escolas públicas tem acesso à internet, porém, 73% delas com conexão média de 2 Mb e somente 10% acima de 8 Mb (CETIC.br, 2014).

    Conteúdo

    Conteúdo não falta na internet, porém, como trabalhar esse conteúdo? Este é o maior desafio neste pilar. É preciso fornecer um guia de como trabalhar com o material que existe.

    Também se faz necessário estimular a criação, pois hoje 96% dos professores afirmam buscar conteúdos na internet, mas apenas 21% já criaram, mixaram e publicaram conteúdo na rede.

    Recursos humanos

    Aqui o elemento chave para que a aprendizagem tecnológica decole: o treinamento dos professores. Hoje somente 2% do tempo dos professores brasileiros em sala de aula é utilizado com TIC\’s.

    Na evolução, o futuro

    Após muitas tentativas e erros, as melhores práticas se sustentam e ganham espaço.

    No Uruguay, o plano de inclusão tecnológica e social, o Plan Ceibal, conseguiu cobrir todo o ensino básico com tecnologia e principalmente com conteúdo e treinamento de pessoal para utilizar os novos recursos.

    Na Califórnia a tecnologia fez mudar o leiaute da sala de aula: saem as carteiras enfileiradas, entram grandes mesas compartilháveis usadas em cafés.

    Na Índia, o uso guiado de plataformas adaptativas de matemática baseadas em jogos trouxe resultados excepcionais no aprendizado.

    E no Brasil?

    Aparte dos problemas expostos por colegas de outros estados, o Secretário de Educação do Amazonas, o Sr Rossieli da Silva, mostrou soluções. Apresentou como eles estão conectando o Estado, com suas comunidades longínquas e acessíveis apenas de barco.

    \”Levamos as antenas de barco até as comunidades e as instalamos em algum local elevado, porque a água sobe\”

    Então, com a escola conectada, um tutor coloca a aula ao vivo de professores especialistas que jamais conseguiriam chegar periodicamente naquelas remotas comunidades, e pela TV, alunos tem a oportunidade de aprender.

    O Secretário então puxou o iPhone, e se conectou ao vivo com a aula.

    Agora imagine que podemos ter um novo Einsten saído do meio da floresta amazônica. Essas iniciativas de educação não mudam só a vida dos seus beneficiados diretos, elas podem mudar a história humana.

    O nosso futuro

    Se queremos que poucos tenham tudo. Se queremos que muitos tenham o necessário.

    Se queremos acabar com este planeta. Se queremos preservá-lo.

    A educação molda o ser humano. Chegamos até aqui graças a ela. Até mais onde poderemos chegar?

    2015-09-17 08:14:19

  • Dilema Do Secretario De Educacao Do Amazonas

    O Brasil tem muitas Leis que vomitam exigências sem que efetivamente se cumpra o que se pede. No fim, alguém diz que 86% dos alunos brasileiros tem internet na escola, e todos acreditam. Nem todos, não o Secretário de Educação do Amazonas. Porque no Amazonas é necessário arrumar um barco, colocar uma antena nele e carregar durante três dias rio acima para chegar na comunidade isolada. É o que eles estão fazendo, uma iniciativa pública brilhante que contrasta com a morosidade dos agentes tipicamente lerdos e inúteis do Estado. Então quando o Ministério das Comunicações vomita que 86% dos alunos tem acesso a internet nas escolas, o Secretário não coaduna com a estranheza do número. Ele sabe que falta muito mais do que 14%, a conta não fecha, tem muito rio para subir carregando antena. Ele é governo, mas é antes disso a razão. Deve ser apenas porque faz sentido ser assim. Eu virei fã desse cara.

    2015-09-05 22:26:01

  • E Mail Para A Gerente Do Banco

    [Olá Mariana,]

    [Solicito Downgrade de conta conforme informei em contato telefônico. Não tenho interesse em nenhum dos benefícios informados por você nesse mesmo contato, a minha intenção com um banco é: nunca visitar uma agência na vida, fazer tudo pelo celular e internet, não pagar mensalidade. Dado que o Itaú começou a cobrar R\$ 57 reais de manutenção, eu quero terminar o meu relacionamento Uniclass. Assim como cancelei meu cartão de crédito Itaucard (e fiz o mesmo com o do Bradesco) porque eu não vou pagar anuidade num serviço em que já lucram de mil outras maneiras. O melhor de tudo é que agora eu tenho um cartão Nubank (Crédito Platinum Master – [https://nubank.com.br/]) sem qualquer anuidade (se quiser um convite eu tenho alguns ainda).]

    [A princípio, iria encerrar minha conta, entretanto, recebo meu salário no Itaú, e o processo de receber em outro banco consegue ser mais burocrático que fazer o downgrade, por isso, escolhi este (que é obrigatório para depois mudar para iConta – isso mesmo, ontem perdi quase meia hora da minha vida em uma agência do Itaú para descobrir que primeiro preciso fazer um downgrade para só então mudar para iConta).]

    [Mariana, nos poucos contatos que tive contigo, fui muito bem atendido. Esse downgrade é simplesmente porque o Banco Itaú (Bradesco, HSBC, Santander, etc) estão ultrapassados, pesados, chatos, burocráticos…. exatamente, iguais ao governo brasileiro. O governo e os bancos não atendem as minhas demandas. Felizmente do banco eu tenho como me livrar, infelizmente não tenho como me livrar do governo.]

    [Permita-me estender um pouco com relação a investimentos. Quando começaram a me cobrar a mensalidade, ponderei em deixar uma grana investida com o Itaú para que pudesse ser isento da tarifa, como você havia me informado. O consultor me ligou e ofereceu, caso eu investisse em torno de 200 mil em renda fixa, 0,7% de rendimento descontado o imposto e taxas. Uma breve busca no Google me mostra que esse valor me faz perder dinheiro, porque a inflação na cidade de Curitiba:]

    [\”De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que divulgou a prévia da inflação nesta sexta-feira (22), a alta foi de 0,71% em maio, contra 1,79% em abril.\” ]

    [Pois é. O Itaú não quer ajudar seu consumidor a crescer. O Itaú só quer sugar o consumidor até não existir mais nada para sugar, e aí os donos do banco vão sentar na caverna do Tio Patinhas e mergulhar nas moedas de ouro sozinhos. Estou longe, muito longe de condenar o lucro dos bancos. Bancos são necessários para prover liquidez, para emprestar, para guardar dinheiro. Mas na situação do Brasil, eles só exploram, os bancos parecem ter esquecido que para lucrar mais no longo prazo, o país precisa crescer, e não ser sugado até a morte.]

    [Enfim, consegui me livrar da necessidade de ter um banco para ter um cartão de crédito. Amém, Nubank.]

    [Coloquei meus investimentos em ações e renda fixa em corretoras que não cobram taxas (ou cobram taxas justas). Amém Easyinvest e InvestHB.]

    [Coloquei até um pouco de dinheiro em Bitcoins. Já faz 4 meses e estou perdendo menos de 3%. Dado o risco do investimento e a natureza da liberdade dele, isso é genial. Amém Mercado Bitcoin, FoxBit, CoinBase.]

    [Enfim. Eu só quero um downgrade, mas resolvi justificar ponto a ponto para você ver que não é apenas birra para não pagar taxa. É porque no fundo eu tenho esperança de viver num mundo com carros elétricos de visionários como o Elon Musk, com educação gratuita de altíssima qualidade como nos dá a KhanAcademy do Salman Khan e o Coursera de professores de Stanford, com moeda de verdade baseada na matemática e não na confiança de um país (que no fim das contas trai seus cidadãos, como fez os Estados Unidos no caso NSA), e num mundo em que eu pague mensalidade para um banco e imposto para um Governo porque o serviço excede minhas expectativas, e não porque sou obrigado.]

    [Desculpas por extender demais o e-mail. Tenha um ótimo dia.]

    2015-06-18 11:07:41

  • Um Puzzle Bitcoin

    Fui atraído para o Bitcoin pela curiosidade em descobrir o motivo de \”nada\” valer dinheiro, muito dinheiro. Depois de um pouco de pesquisa para entender o básico, comecei a acompanhar parte da cena Bitcoin – seguindo contas relacionadas no Twitter. Encontrei o puzzle da \@coinartist em algum retuíte. https://twitter.com/coin_artist/status/583979278238359552 Legal! Um prêmio escondido em uma imagem. Olhei para a discussão relacionada no fórum BitcoinTalks, tirei alguns hashs da imagem, tentei transformar em arquivo comprimido, coloquei uns filtros aleatórios no gimp. Não encontrei nada. Humildemente perguntei para o Google: \”how to hide information in image\”. Encontrei uma área gigante de teorias e pesquisas: steganography. Li um pedaço de um paper, cheguei até o stegdetect e o stegbreak. Parei por aí. Mas não fechei a aba no Chrome que estava com o perfil da \@coinartist. Quando resolverem esse puzzle, eu quero saber. … Alguns dias depois, voltei ao perfil para ter notícias e um blog grande fez um post a respeito. No post, encontrei um PDF que explica a solução do puzzle anterior. A solução tem 32 páginas, envolve morse, minecraft, qr, hashs, arquivos comprimidos, referências literárias, referências a games antigos, filtros de imagem, elementos básicos gregos da antiguidade, fórmulas matemáticas, e muitas tentativas falhas. No final, alguém conseguiu a chave e pegou o prêmio de 3,5 bitcoins ~ US\$ 875. O autor do PDF fecha com uma pergunta: se ele tivesse vencido, o que ele faria? Pegaria o prêmio pra si ou dividiria(~US\$40 para cada) entre os que contribuíram? O PDF da solução do puzzle:

    the_trail-2
    

    2015-04-10 11:24:36

  • Como Conectar Em Um Servidor Imap Atraves De Um Tunel Ssh

    [ssh][ -L 9090:mail.empresa.com.br:143 usuario@servidor ][-Nf]

    ssh -L <porta-local>:<servidor-imap>:<porta-imap> <servidor-que-pode-acessar-o-imap>

    Então basta conectar seu programa de e-mail em 127.0.0.1 na porta 9090. O seu túnel irá pegar este tráfego e jogar no servidor remoto (que tem acesso permitido ao IMAP da empresa) no endereço mail.empresa.com.br na porta padrão do IMAP, que é a 143.

    O -L significa Local Forwarding, encaminhamento de porta. Na prática é fazer uma porta local despejar o tráfego recebido em um domínio e porta através do túnel.

    O -N faz com que o ssh não abra um terminal no servidor remoto. O que faz sentido se o objetivo é apenas usar o túnel.

    Por fim, o -f é para que o túnel rode em background.

    Dúvidas? Comente e se eu souber responder, ajudarei.

    2015-04-01 20:19:44

  • Pearson Monitora Twitter De Alunos Pais E Professores Com Medo

    http://bits.blogs.nytimes.com/2015/03/17/pearson-under-fire-for-monitoring-students-twitter-posts/?module=BlogPost-Title&version=Blog%20Main&contentCollection=Privacy&action=Click&pgtype=Blogs&region=Body


      Pais e professores ficaram negativamente surpresos quando souberam que a Pearson monitora as redes sociais dos alunos que fazem um dos seus testes padronizados (uma espécie de ENEM). A ideia é encontrar alunos que vazem informações para dedurar para o governo, cliente do teste. Minha dúvida no assunto é: como podem ficar bravos com o monitoramento de uma informação que é pública? Mais: a Pearson tem o interesse de dar oportunidade justa a todos os alunos que prestam o teste, por isso a fiscalização. No fim das contas, a empresa prometeu que vai continuar o monitoramento, porém sem verificar na sua base se o aluno está ou não no teste, o que dá na mesma.

    2015-03-18 19:45:20

  • Porque Eu Nao Vou Comprar Ovos De Chocolate Este Ano

    Porque eu não quero. Update: eu falhei. Comprei 2, num total de R\$ 99. Caríssimos.

    2015-03-10 14:34:51

  • O Conto Da Crise Vindoura

    Um dia ouvi uma história interessante: Existia um pai que tinha um carrinho de vender cachorro quente. Querendo uma vida melhor para seu filho, ele trabalhou sem descanso, fazia o melhor cachorro quente da cidade. O filho estudou administração e se formou. O pai dele ficou orgulhoso. Aí o filho começou a analisar o negócio do pai dele, e preocupado com a crise econômica, falou que o pai deveria cortar os gastos para sobreviver nos tempos ruins que viriam. O pai, sem estudo, obviamente aceitou, e parou de comprar o pão mais caro, trocou a salsicha por uma de preço mais baixo e tirou seus molhos especiais. O movimento começou a cair. O pai começou a ficar preocupado e dava graças por ter escutado o filho, porque a crise tinha chego. A cada dia vendia menos, e então tentava comprar um pão de menor qualidade ainda, mais barato. Os clientes sumiram, e ele faliu. Dizia para todos que seu filho tinha razão, que a crise destruiu seu negócio. Ainda bem que deu estudo ao filho, pensava. Mal sabia ele que ao cortar a qualidade dos seus produtos, destruía as chances de sobrevivência do seu negócio.

    2012-12-05T10:57:27.000Z

  • Dinheiro Ou Armas O Que Vale Mais

    O que vale mais: armas ou dinheiro? Em que ponto da economia é possível ligar estas duas coisas, e qual é o paralelo do poder do dinheiro e do poder das armas. Nesse post você vai ler porque os EUA estão muito longe de estarem encrencados com todas as dívidas e crises econômicas que estão nas mãos. Não tenho apoio bibliográfico para o que vou dizer, é produto apenas das minhas ideias, que angariando novos dados e argumentos, dá passos rumo a melhor compreensão do mundo. Se você não concorda e tem seus argumentos, joga nos comentários e vamos discutir o assunto.

    Dinheiro

    O dinheiro é um pedaço de papel em que todos confiam e acreditam. A crença no dinheiro é maior do que a crença em Deus. Leve uma maleta cheia de dólares para qualquer canto do mundo e você poderá comprar comida, objetos, etc. Dinheiro é, de fato, uma moeda de troca baseada na confiança. Confiança em quem? Nos governos! Somente acreditamos no dinheiro porque o governo – em última análise, a instituição país – diz que aquilo tem o determinado valor para troca por mercadoria e serviços. A materialização mais óbvia dessa confiança são os títulos de dívidas pelos quais os governos financiam sua manutenção e crescimento. No cenário de hoje, temos numa ponta os países que tem total confiança dos investidores internacionais (donos de muito dinheiro) e na outra os países de governos desestabilizados, como as ditaduras assassinas no continente africano (e a Argentina hahaha). A confiança nos governos é medida através da sua capacidade de pagar as dívidas e honrar acordos. Como qualquer coisa mensurável, isso também gerou um índice que é medido e definido de diversas formas por diversas agências de crédito especializadas. Uma das agências é a Standart & Poor\’s, no gráfico a seguir podemos ver a classificação da S&P a respeito dos principais países do mundo: Recentemente os Estados Unidos foram rebaixados do nível AAA para o AA devido a crise econômica deflagada em 2008 pelo crash do setor imobiliário e financeiro. O Brasil vem escalando o ranking e recentemente alcançou o nível BBB. As notas da S&P levam em consideração muitas variáveis e não é o intuito desse post comentá-las. Quero apenas demonstrar que diferentes países tem diferentes capacidades pagadoras diretamente relacionadas ao nível de confiança em sua situação econômica atual. Isso quer dizer, na prática, que a moeda do país ou do bloco econômico é lastreada unicamente pela confiança percebida. O lastro do dinheiro, até 1971, era o ouro. Isso significava que para cara dólar impresso pelo governo dos EUA, havia uma quantia em ouro equivalente nos cofres do tesouro. E todas as outras moedas do mundo eram lastreadas através de câmbio flutuante (ou não) pela cotação do dólar (como ainda é nos dias de hoje). Em 1971 devido a necessidade de aumentar o endividamento por causa da guerra no Vietnã, o presidente Richard Nixon quebrou o acordo Bretton Woods, acordo esse que havia definido o lastro do dólar ao ouro e das outras moedas ao dólar. A partir daí, o que segura o dinheiro é a confiança dos investidores na capacidade dos governos de honrarem seu compromisso de pagamento. Ou seja, chegamos novamente à mesma conclusão: o lastro do dinheiro é a confiança.

    Armas

    Os Estados Unidos da América depois da Segunda Guerra Mundial adotaram uma política rotulada de imperialista por diversos estudiosos. Consiste basicamente em impor sua vontade ao resto do mundo. Suas empresas se espalharam pelo planeta vendendo seus produtos e coletando recursos como petróleo, sua cultura foi disseminada com ajuda do cinema, e sua tecnologia mais desenvolvida permitiu mais eficiência em qualquer campo de trabalho humano. Esses movimentos são até anteriores à II Guerra, mas depois dela se intensificaram drasticamente. A única grande oposição contra a vontade dos EUA veio da União Soviética entre o fim da II Guerra e o fim da URSS, período conhecido como Guerra Fria, no qual o mundo bi-polarizado por duas forças atômicas vivia em constante ameaça de um apocalipse nuclear. Após a queda da URSS em 1991, o caminho ficou livre para o Tio Sam continuar a expansão de seu mercado e ideias. Então a contínua expansão de mercado, busca por riqueza, e propaganda ideológica norte americana continuou sem tréguas. O desenvolvimento econômico foi explosivo, e apesar de algumas pequenas crises mundiais, o mundo seguiu num período de intenso crescimento. A tecnologia – criada e gerenciada majoritariamente pelos Estados Unidos – elevou a humanidade para um próximo passo, o da comunicação instantânea, e consequentemente, da globalização. Tal crescimento não poderia se sustentar para sempre. É como alguém caminhando sem parar por dias, em algum momento ela terá que parar e sofrer com as bolhas em seus pés. Foi isso que aconteceu com os EUA, o boom econômico chegou a um período de forçada correção, a gota d\’água foi a crise de 2007. Até hoje os reflexos na economia e modo de vida americanos são muito visíveis. O resto do mundo também foi forçado a se corrigir: Grécia e Espanha são os exemplos mais vivos desse movimento. Porém, algo que os Estados Unidos fizeram durante este longo período de crescimento faz com que seu posto de liderança no mundo esteja assegurada: tecnologia militar. Ano passado os Estados Unidos gastaram mais de 711 bilhões de dólares com suas forças militares. O segundo lugar no ranking de gastos militares foi a China, com 143 bilhões. Isso mesmo, quase CINCO vezes menos. Saiba que se somados a China e os oito países seguintes do ranking ainda assim não se alcança a soma do orçamento militar dos EUA. A posição de liderança militar dos EUA no mundo é incontestável. Além disso, sua relação de amistosidade com outros grandes jogadores (China, Inglaterra, Rússia, Israel, França, Alemanha, Índia e Paquistão) garante a mais absoluta força bruta necessária para conter qualquer ameaça.

    Quem pega o bife? O dono do dinheiro ou o dono do rifle?

    Coloquemos uma situação hipotética: existem apenas duas pessoas em uma arena, de um lado João com muito dinheiro no bolso, do outro lado José com um rifle carregado – e ele sabe atirar. Ambos precisam comer alguma coisa para não morrer de fome nos próximos minutos. No centro existe um belo pedaço de carne pronta para o consumo, que irá garantir somente a vida de um deles – é impossível dividir. Quem irá sobreviver? O dono do rifle ou o dono do dinheiro? Certamente em uma situação em que não há outro acordo possível senão a guerra e a sobrevivência – o mais inato dos instintos humanos – quem iria sair vivo da disputa seria José com sua arma, porque faria da sua vontade de sobreviver a vencedora. É claro que o mundo não é uma arena com dois jogadores e com apenas um pedaço de bife. Temos recurso suficiente para a sobrevivência de todos e temos espaço para todos. E é claro, também, que o ser humano se move com muito mais motivos do que apenas a sobrevivência. Assegurada a sobrevivência, busca o conforto, confortável, busca a supremacia, e assim em diante. E neste cenário de complexidade podemos ligar os pontos: dinheiro e armas. Em quem você apostaria na situação que foi descrita, no endinheirado e desarmado João, ou no armado e agressivo José? Bingo! Apesar de toda a crise que os EUA estão sofrendo, eles ainda são o José do nosso mundo. O Oriente Médio pode ter o recurso energético, o Brasil pode ter a água potável, a China pode ter a maior população e assim em diante. Entretanto, numa situação de necessidade, quem vai prevalecer é quem tem o rifle na mão, é quem pode ASSEGURAR sua SOBREVIVÊNCIA. O lastro do dinheiro é o poderio militar dos Estados Unidos da América. __ Se você gostou do post, recomende para seus amigos no Facebook e no Twitter. E deixe seu comentário rebatendo meus argumentos, pedindo mais detalhes sobre algum ponto ou sugerindo um assunto para um próximo post. Obrigado! __

    Links Recomendados para quem se interessa pelo assunto:

    Extreme Money – Satyajit Das: resenha de um livro publicado pela respeitada FT Press que discorre sobre dinheiro, sobre como a crise foi formada nos EUA e seus efeitos pelo mundo. The Century of Self: está no final do post indicado – legendado. É um documentário premiado da BBC que mostra como o sobrinho de Freud usou as ideias do tio para implantar o consumismo nos EUA. Interessante destacar como somos movidos pelos poderes da agressividade e do sexo, que moram em nosso inconsciênte. Orçamento Militar atual por país: lista dos países por orçamento militar. É claríssimo o aumento do gasto militar em todas as nações, principalmente da China, em 4 anos quase dobrou.

    2012-07-18T12:08:09.000Z